O número de queimadas no estado do Amazonas atingiu o maior índice desde 1998, quando o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) iniciou a medição. São 13.103 focos de incêndio de 1º de janeiro até 22 de outubro. O número é 66% maior que o número de queimadas no mesmo período no estado em 2014.
“As queimadas são comuns na época de seca, mas como esse ano está muito seco, se perdeu o controle. É uma junção de fatores, mas o fogo está se espalhando para áreas de várzea e da floresta. Deve permanecer assim até dezembro, pelo menos, o que torna muito difícil respirar em Manaus atualmente”, afirmou o secretário executivo da ONG WCS Brasil (Wildlife Conservation Society) Carlos Durigan.
As queimadas acontecem principalmente por causa do desmatamento. Os grileiros usam o fogo para “preparar” a terra, prática considerada crime passível de prisão. Há também outras causas como a queima do lixo e de folhas nas áreas rurais e também urbanas. As cidades mais afetadas, segundo a Defesa Civil são: Manaus, Autazes, Caapiranga, Careiro, Careiro da Várzea, Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Manaquiri, Novo Airão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva.
“Nós estamos combatendo o fogo com 30 homens do Corpo de Bombeiros e mais 530 brigadistas atuando nas áreas de emergência, mas esse número não é suficiente. É uma situação muito atípica. O fogo é considerado de grandesproporções e ele não apaga por si só. Está muito seco e sem ventos, o que complica para quem está na área urbana respirando uma forte fumaça”, afirmou o secretário executivo da Defesa Civil do Amazonas Coronel Fernando Pires Junior.
O Governo do Amazonas decretou estado de emergência em Manaus e mais 11 municípios da Região Metropolitana. Segundo informações da assessoria de imprensa, em uma semana, foram aplicadas mais de R$ 8 milhões em multas contra produtores rurais que praticaram incêndios criminosos no estado.
O secretário de Estado do Meio Ambiente do Amazonas, Ademir Stroski, informou que o governo criou uma sala de monitoramento dos focos para ajudar na autuação. “Não tem como ficar correndo atrás do fogo. Nós estamos monitorando e focando em campanhas preventivas nas estradas e na atuação das lideranças comunitárias para alertar a população sobre o risco das queimadas. Mesmo que o fogo já tenha sido apagado, nós temos como saber quais os locais que sofreram queimadas e nós vamos atrás das pessoas”, afirmou em entrevista ao UOL.
“As campanhas deviam vir antes das queimadas. Agora é preciso apagar o fogo, aumentar o efetivo de homens, que sabemos que é menor que o necessário”, rebateu Durigan. “Nenhum dos órgaos tem equipamentos e pessoas suficientes. Estamos muito aquém para combater o que precisaria”, disse Durigan.
Em uma coisa todos concordam: as queimadas são um hábito que deve ser deixado para trás. “A questão cultural do uso do fogo é muito enraizada na cultura das pessoas do Amazonas”, disse o secretário. “A responsabilidade também é nossa de manter o meio ambiente. É importante dizer para as pessoas: não promova qualquer tipo de queimada”, conclui o coronel da Defesa Civil.
Fonte: UOL