A restauração de rios e nascentes também é um bom negócio. Além dos benefícios ambientais, como a melhoria da qualidade e quantidade da água e a conservação da biodiversidade, ela permite a geração de emprego e renda para empresas e comunidades locais.
Um estudo encomendado pelo WWF-Brasil e executado pelo Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) revela que são necessárias 11 milhões de mudas de árvores de espécies nativas para recuperar a mata ciliar dos rios Jaurú, Cabaçal, Sepotuba e Paraguai e de mais 50 nascentes, em Mato Grosso, totalizando 23 mil hectares de área onde será possível fazer a restauração florestal.
Para atender a demanda, a previsão é de que sejam criados mais de mil empregos numa região que abrange 25 pequenos municípios, além de novas empresas e negócios, como de produção de insumos, de execução de serviços e de qualificação profissional.
Serão necessários mais de 15 viveiros de mudas para fazer o replantio. “Abrem-se oportunidades de venda de sementes, ferramentas, mão-de-obra para o reflorestamento, retirada de entulho e instalação de cercas para a proteção das nascentes. Ou seja, toda uma cadeia produtiva será gerada e incentivada por meio da conservação ambiental”, diz o analista de conservação do WWF-Brasil, Ângelo Lima.
O estudo também detalha como devem ser todas as etapas de recuperação de cada parte dos 23 mil hectares de mata ciliar a serem recuperados. “Conseguimos saber se para começar a recuperação bastar a cercar a área, caso a área esteja perto de fragmentos florestais, se a área precisa de outra forma de recuperação além da cerca, se é necessária limpeza do local, por exemplo”, completa Lima.
A restauração em números
* São 23 mil hectares de área onde será recuperada a mata ciliar de quatro rios: Jaurú, Cabaçal, Sepotuba e Paraguai;
* Nessa área existem 50 nascentes que devem ser recuperadas;
* O estudo apontou a necessidade de 11 milhões de mudas de espécies nativas para a restauração;
* A previsão é a de que a restauração gere uma cadeia na qual serão criados pelo menos 600 empregos, além de novas empresas e negócios vinculados à produção de insumos, execução de serviços e de mão-de-obra;
O Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal
O estudo mapeou mais de 1.500 quilômetros dos quatro rios – Jaurú, Cabaçal, Sepotuba e Paraguai – que compõem as Cabeceiras do Pantanal, região de Mato Grosso onde nascem 30% das águas responsáveis pela biodiversidade e abastecimento da maior área úmida do planeta. Essa região abrange 25 municípios e é alvo de uma iniciativa de conservação conhecida como Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, da qual o WWF-Brasil e mais de 30 parceiros do setor público, privado e sociedade civil fazem parte.
A ideia do Pacto surgiu em 2012, quando um estudo – realizado pelo WWF-Brasil, em parceria com o HSBC, a organização não-governamental The Nature Conservancy (TNC), o Centro de Pesquisas do Pantanal, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Carterpillar – mostrou que a área onde nascem 30% das águas que alimentam a planície pantaneira e garantem o abastecimento de municípios onde vivem e trabalham pelo menos três milhões de pessoas estava em alto risco ecológico.
Saiba mais: o que é restauração ecológica
A Restauraçāo ecológica é um processo de alteração de um habitat pelo homem para que ele volte a ter a mesma estrutura, função, diversidade e dinâmica do ecossistema original. Esse sistema deve ser autossustentável não somente em termos ecológicos, mas também sociais, pois pode constituir uma fonte de recursos econômicos para as comunidades vizinhas.
Fonte: WWF Brasil