Alinhar os principais conceitos e princípios em ESG (Ambiental, Social e Governança) e orientar os passos necessários para incorporá-los na organização. Estes são os principais objetivos do Programa de Certificação ESG da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), lançado na quinta-feira, 23 de março, durante evento realizado na Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB).
Na ocasião, a mineradora Jacobina Mineração (JMC), empresa com sede em Jacobina, na Bahia, recebeu a primeira certificação pelo programa de ESG da ABNT, que atesta a conformidade dos requisitos previstos na Prática Recomendada 2030, um material de orientação que possibilita a qualquer organização, independentemente de porte, setor ou constituição, implementar à agenda ESG.
“Antes mesmo de ouvirmos falar em ESG, ainda no tempo dos 3 Ps [pessoas, processos e produtos], nós já trabalhávamos com a missão de desenvolver as comunidades onde estamos inseridos. Queremos deixar um legado para as gerações futuras. Nossa empresa está presente na Bolsa de Valores, o que por si só já garante que estejamos cumprindo os critérios de ESG. Mas o fundamental é colocar o ESG dentro do negócio”, destacou o vice-presidente de Operações Brasil e Argentina da JMC, Sandro Magalhães.
O executivo, que recebeu a certificação ESG da ABNT juntamente com outros trabalhadores da companhia, afirmou que a mineradora desenvolve programas de reforma de habitação e inclusão digital nas comunidades onde a empresa está inserida.
“Somos também uma empresa inclusiva, com a presença de mulheres desde a área de operação de máquinas até a vice-presidência. Também empregamos pessoas com deficiência física. De nada adiantaria fazer ações específicas de diversidade se não praticássemos no dia a dia da empresa. O nosso verdadeiro ouro são as pessoas”, acrescentou Magalhães.
A Jacobina Mineração faz parte do grupo Yamana Gold e opera, atualmente, com cinco minas de ouro subterrâneas: Canavieiras, João Belo, Morro do Cuscuz, Morro do Vento e Serra do Córrego.
O presidente da ABNT, Mário Esper, enfatizou que esta é a primeira norma do mundo deste gênero, e que ela já tem servido como base para outras normatizações internacionais. “Esta norma tão importante foi produzida em sete meses, com o apoio da sociedade civil por meio de consulta pública. Foram mais de 5 mil horas técnicas envolvidas nesse processo”, observou.
Esper adiantou que a ABNT já combinou com o Sebrae a respeito da criação, em breve, de uma norma ESG para as micro e pequenas empresas. Antonio Barros de Oliveira, diretor de certificação da ABNT, explicou com detalhes os processos referentes ao Programa de Certificação ESG já existente. “A maturidade do programa ESG é evolutiva e específica para diferentes realidades das organizações, levando em conta o porte e segmento de atuação da organização.”
De acordo com Oliveira, o Programa ABNT de Verificação ESG pode ser dividido em três pilares:
– Programa de 3ª parte voluntário;
– Verificação da maturidade dos critérios ESG implementados na organização;
– Com base na prática recomendada ABNT PR 2030.
Posicionamento ESG
“Hoje, as empresas modernas precisam se posicionar. Adotar as políticas e práticas de ESG é muito importante nesse sentido. A ABNT é o único fórum brasileiro de normatização, além de um OAC acreditado para certificação de produtos e sistemas relacionados a emissão de gases do efeito estufa”, ressaltou o diretor de certificação.
Para o presidente da FIEB, Ricardo Alban, o grande desafio da entidade é ter a flexibilidade necessária para atrair as pequenas e médias indústrias até essa realidade ESG. “Nós gostaríamos muito de parabenizar a Yamana Gold pela certificação. ESG é sustentabilidade, ética, economia circular, saber se relacionar com os seus pares, ou seja, é tudo que a gente gostaria de ver no setor público, mas, para isso, nós do setor privado precisamos dar o exemplo. Acredito que, mais difícil do que conseguir esse tipo de certificação, seja manter a organização nos padrões exigidos em nível de ESG. A FIEB não medirá esforços para auxiliar as indústrias baianas nesse sentido.”
Por sua vez, a gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da FIEB, Arlinda Coelho Negreiros, destacou o papel da governança. “Se a governança não tiver consciência do papel que exerce em relação ao ESG, nada vai adiante. Deixo aos líderes aqui presentes, como sugestão, realizar um exercício sobre suas ações dentro das organizações, indo além do lucro econômico, mas também considerando os aspectos ambientais e sociais”, provocou.