O som da natureza da Villa Babaçu, em Jacobina, entrou em perfeita harmonia com as vozes das mulheres presentes no 1º Encontro de Mulheres Inspiradoras da Jacobina Mineração e Comércio (JMC), unidade da Yamana Gold na Bahia. Realizado na tarde da última terça-feira (16), o evento promoveu discussões a respeito da diversidade de gênero, que reverberou para além do povoado Coxo de Dentro, a cerca de 20 minutos do centro da sede do município do Norte da Bahia, também conhecido como a Cidade do Ouro.
A troca de experiência sobre o potencial feminino começou com a apresentação da convidada Claudia Salles, gerente de Sustentabilidade no Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Ela, que ajudou a fundar e é uma das diretoras do Women in Mining Brasil (WIMBrasil), grupo com foco em ampliar a participação feminina na indústria mineral, trouxe dados sobre a força de trabalho feminina no segmento.
Claudia Salles, gerente de Sustentabilidade no IBRAM e diretora WIMBrasil (Foto: Mariana Retrata). |
Uma pesquisa sobre a atuação das mulheres na indústria mineral, divulgada em 2020 pelo WIMBrasil e o IBRAM, revelou que as mulheres representavam 13% da mão de obra no setor. No ano seguinte, em 2021, este número subiu para 15%. “O que percebemos é um aumento de metas de participação de mulheres nas empresas do setor mineral. Inclusive, o IBRAM tem um grupo de trabalho que cuida das pautas de diversidade, equidade e inclusão, com meta de que até 2030 a mineração tenha uma participação feminina de 34%. É bastante ambicioso e precisa de toda uma movimentação de políticas e práticas internas para realizar esse crescimento”, ressaltou Cláudia Salles, que também atua com foco em promover as melhores práticas de sustentabilidade no segmento.
“A importância de a empresa ser inclusiva e diversa é o fato de ser mais aderente à própria sociedade, que é plural. Não faz muito sentido a organização não espelhar isso. Na perspectiva de negócios, há vários dados que demonstram um aumento de cerca de 15% na lucratividade”, Claudia Salles, gerente de Sustentabilidade no IBRAM e diretora WIMBrasil.
A Yamana Gold, que faz parte do movimento WIMBrasil, já vem dando apoio pela diversidade na mineração e pela transformação do setor. Com programas de inclusão de gênero bem estruturados, a empresa possui cerca de 12% de mulheres no seu quadro de funcionários. Entre cargos executivos e de gerenciamento, esse número fica por volta de 26%.
Cristina Bertoni, vice-presidente Corporativa de Compras da empresa (Foto: Mariana Retrata). |
Representando a Yamana Gold, Cristina Bertoni foi uma das mulheres inspiradoras do evento. Ela, que é vice-presidente Corporativa de Compras da empresa, sendo responsável por toda a cadeia de suprimentos e operações de compras, falou em sua palestra sobre projetos e novas conquistas: “Eu tenho um novo propósito, que é a continuidade da mulher madura no mercado de trabalho. É um outro preconceito que não é dito, mas eu quero lutar contra ele. Eu quero continuar trabalhando, eu quero usar a minha maturidade e tudo que eu aprendi, além de continuar aprendendo com os jovens e ajudá-los, fazendo do ambiente de trabalho um melhor lugar”, compartilhou a executiva, que já conquistou prêmios internacionais por iniciativas de diversidade e inclusão ao longo da sua carreira.
“A diversidade na Yamana Gold é uma das prioridades. Somos cerca de 12% de mulheres no quadro de funcionários. A Yamana tem investido e dado oportunidades para as mulheres. A empresa aprendeu a ouvir e adaptar seus lugares e estruturas para melhor receber os seus talentos”, Cristina Bertoni, vice-presidente Corporativa de Compras da empresa.
A terceira convidada do evento a inspirar com sua palestra foi Neide Vieira, presidente da Associação Comercial e Industrial de Jacobina (ACIJA). Após 47 anos de existência da entidade, ela foi a primeira mulher a assumir o cargo que ocupa hoje.
Neide Vieira, presidente da Associação Comercial e Industrial de Jacobina (ACIJA) (Foto:Mariana Retrata) |
Os desafios, claro, não foram poucos: mesmo com trabalho árduo, ela encontrou no caminho pessoas que desacreditaram da sua capacidade de gerir a associação em meio a uma pandemia, mas seguiu em frente e apostou na força feminina. “Ao escolher nossa atual diretoria, eu tive a preocupação de ter metade de mulheres. Isso traz um equilíbrio nas reuniões. Percebo que, desde que estou como presidente, a participação de empreendedoras como associadas tem aumentado, o que nos deixa muito felizes, afinal juntas somos mais fortes”, declarou.
“Precisamos ser protagonistas da nossa história e, quando fazemos isso, naturalmente nos tornamos inspiração, pois é uma energia que vem de dentro, e alguns ao nosso redor vão sentir isso, e vão querer a mesma plenitude em suas vidas. É a união de propósitos que o universo se encaminha de fazer”, Neide Vieira, primeira mulher presidente ACIJA.
A editora-chefe do CORREIO, Linda Bezerra, foi a quarta convidada a discursar. A piauiense radicada na Bahia reforçou a importância de uma equipe diversa no ambiente de trabalho e relembrou o quanto a mulher foi excluída na história de assuntos como política, economia e até do mundo corporativo. “Ainda há muito o que se fazer, mas experiências e ações como essas da Yamaha Gold mostram que as empresas estão preocupadas com a diversidade. Muito importante o evento ter convidado homens para estarem nessa escuta de entendimento do universo feminino. É um encontro importantíssimo pois se discute a participação da mulher na mineração e mostra as feridas ainda abertas ao trazer à tona o que ainda precisa trabalhar neste sentido”, completou a jornalista.
Linda Bezerra, editora-chefe do CORREIO (Foto: Mariana Retrata). |
“Toda pessoa tem uma história inspiradora para contar, às vezes só precisa de uma oportunidade para desenvolver. Hoje não cabe mais que uma empresa não atue com diversidade. A organização deve representar e refletir a sociedade, que é diversa. Eu me senti muito honrada em participar do evento”, Linda Bezerra, editora-chefe do CORREIO.
Para completar o quadro de mulheres inspiradoras do 1º Encontro de Mulheres Inspiradoras da JMC, a advogada Erica Rush, que é membro do Conselho de Sustentabilidade da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), compartilhou os desafios na sua área de atuação.
Erica Rusch, membro do Conselho de Sustentabilidade FIEB (Foto: Mariana Retrata). |
Erica Rusch reforçou que há baixa ocupação feminina nos postos de comando e chamou atenção para a importância de eventos como o realizado em Jacobina para o fortalecimento, o reconhecimento e a valorização do trabalho da mulher. “Estudos apontam que a participação feminina na posição de liderança pode trazer resultados muito superiores. E esse é um dado que não pode passar despercebido pois a diversidade de gênero proporciona ganhos em criatividade, inovação e reputação”, disse Rusch.
“Fiquei emocionada em ouvir histórias das mulheres incríveis que estavam ao meu lado. Me fizeram ter ainda mais certeza que nós podemos ser exatamente tudo aquilo que queremos ser. A mensagem deste evento é que nós mulheres precisamos transformar fragilidade em força e que nosso lugar é aquele que queremos estar”, Erica Rusch, membro do Conselho de Sustentabilidade FIEB.
Inspirações na plateia
No palco, profissionais de diversas empresas, que compartilharam suas histórias e desafios com os quais precisam lidar nos cargos que ocupam. Na plateia, mais inspirações: Dona Elizabeth Fernandes da Silva, 84 anos, inspirou quem estava presente no evento ao compartilhar sua história de vida. Ela nasceu em Salvador e estudou, com muito esforço dos pais, em uma escola privada de educação religiosa. A irmã Elizabeth, como é mais conhecida, usa todo seu conhecimento e força – e coloca força nisso – para lutar pelos direitos da população do povoado Pontilhão de Canavieiras, onde vive há 20 anos.
Irmã Elizabeth durante o 1º Encontro de Mulheres Inspiradoras da Jacobina Mineração e Comércio (Foto: Mariana Retrata).. |
“Este evento foi uma coisa ótima. Eu estou aqui representando a minha comunidade. Em cada palestra de hoje eu me identifiquei com alguém. Com algumas palavras de todas que falaram aqui eu me senti alguém. Eu sou de questionar, de brigar pela minha comunidade. Ninguém faz nada sozinho. Tenho certeza que a Yamana Gold não seria a empresa que é se não fosse por conta dos homens e mulheres que trabalham nela” compartilhou a irmã Elizabeth durante o 1º Encontro de Mulheres Inspiradoras da Jacobina Mineração e Comércio (JMC).
Outra história inspiradora também saiu da plateia. Sheila Costa, geóloga que trabalha há 16 anos na JMC, compartilhou o desafio de conciliar gravidez e trabalho. Com três anos de empresa, ela engravidou do primeiro filho: “Eu descobri que estava grávida em cima de uma serra de mineração. Como a gravidez era de risco, eu tive uma grande surpresa do meu gerente transferir a sala em que eu trabalhava para eu não precisar subir ladeira e escada. Na segunda gravidez, me transferiram para uma mina mais próxima de Salvador, na intenção de melhorar meu deslocamento até minha família. Esse e outros cuidados que a empresa teve, assim como a atenção do meu marido e dos meus pais, fizeram toda a diferença”.
Sheila Costa, geóloga que trabalha há 16 anos na JMC, compartilhou o desafio de conciliar gravidez e trabalho (Foto: Mariana Retrata). |
A geóloga também enfatizou o aumento da presença feminina na empresa: “Quando comecei a trabalhar não tinha mulheres no meu setor. Tanto que não tinha banheiro feminino e o que foi construído levou o meu nome na porta, já que somente eu usava. Hoje somos tantas que já fez fila na porta do banheiro e estão construindo mais. Cada vez que vejo uma mulher atuando na área de mineração eu fico feliz porque eu já vivi realidade diferente”.
Assunto de homem
Falar sobre a importância da força feminina também é papo de homem. Por conta disso, funcionários da Yamana Gold também foram convidados e marcaram presença no 1º Encontro de Mulheres Inspiradoras da Jacobina Mineração e Comércio (JMC). Foi um deles, inclusive, o idealizador do evento.
Sandro Magalhães, vice-presidente de Operações Brasil e Argentina da Yamana Gold (Foto:Mariana Retrata). |
Sandro Magalhães, vice-presidente de Operações Brasil e Argentina da Yamana Gold, chamou atenção para a importância da escuta atenta do homem durante as discussões de gênero e ressaltou as ações da empresa de valorização do potencial das mulheres e de promoção do respeito e a diversidade: “Para que a gente consiga fazer ações de forma sólida, a Yamana separou em módulos para melhor trabalhar a diversidade. Não é só abrir as portas para o público diverso. Tem toda uma preparação do público masculino e ajustes físicos na estrutura da empresa”, pontuou.
(Via Estúdio CORREIO)