Maio é o mês da Indústria no Brasil (a data é lembrada no dia 25). Este setor é essencial para o desenvolvimento econômico do País, mas também tem muito a acrescentar quando o assunto é sustentabilidade. Como a atividade industrial causa impactos ao meio ambiente, é de fundamental importância que este segmento se esforce para desenvolvê-la preservando, ao máximo, os recursos naturais, além de proceder com contrapartidas ambientais e sociais nas comunidades onde está inserido.
Na área da mineração, por exemplo, a indústria baiana também tem incorporado os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) e ainda conceitos como ESG (Environmental, Social and Governance, em português, Ambiental, Social e de Governança) na estratégia do negócio, o que contribui para dar mais qualidade de vida às comunidades onde estão inseridas, além de agregar um valor competitivo cada vez mais demandado pelo mercado.
Um bom exemplo vem de Jaguarari (a cerca de 400 km de Salvador), onde a Mineração Caraíba ajuda a desenvolver iniciativas como o Projeto Atelier da Fulô, que fortalece o empreendedorismo (ODS 8) e auxilia na promoção da igualdade de gênero (ODS 5). “Com muito amor e dedicação estamos conquistando nosso espaço e gerando renda para o nosso sustento. O apoio e parceria da Mineração Caraíba têm sido essenciais, nos proporcionando
novas oportunidades e ampliando nossos horizontes”, destaca a artesã Gislane Oiveira.
Projetos diversificados
Companhia que movimentou mais de R$ 1 bilhão em 2020 e mantém mais de 3.200 empregos, a Mineração Caraíba também tem programas destinados à produtividade de pequenos agricultores (ODS 2), educação e formação profissional (ODS 4), prevenção e tratamento de doenças (ODS 3) e acesso à água (ODS 6).
Na mesma linha, a Vanádio de Maracás apoia as ações realizadas pelas comunidades vizinhas e, além disso, desenvolve os seus próprios projetos em áreas como empreendedorismo feminino (ODS 5), estímulo à educação de qualidade (ODS 4) e promoção da saúde (ODS 3). Já em Brumado e Santaluz, a RHI Magnesita abraça iniciativas ambientais, culturais e educacionais. No total, R$ 2,6 milhões foram investidos com recursos próprios e também por
meio de leis de incentivo.
Ações organizadas
Destacam-se ainda projetos de mineradoras como a Ferbasa, que mantém seis escolas em quatro cidades, o que totaliza mais de 4.500 estudantes (ODS 4); da Atlantic Nickel, com ações em Itagibá de reaproveitamento e tratamento de água (ODS 6), incentivo à cultura e ao esporte; e da Yamana Gold, a qual já realizou desde 2017 mais de 150 iniciativas em Jacobina e região, como construção de espaços comunitários e aquisições de ambulâncias.
Outras empresas do setor minerário com atuação na Bahia também investem em projetos de sustentabilidade, conforme demonstra o “Sumário de Ações Sustentáveis da Mineração Baiana 2020”, publicação organizada pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM). O documento contempla iniciativas das 14 empresas deste segmento com os maiores índices de arrecadação de Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) no estado.
Mineração engajada
O presidente do Sindicato das Indústrias Extrativas de Minerais Metálicos, Metais Nobres e Preciosos, Pedras Preciosas e Semipreciosas e Magnesita no Estado da Bahia (Sindimiba), Paulo Misk, observa que a sustentabilidade é um dos pilares do trabalho da mineração, algo que é possível graças a estudos contínuos e ao permanente desenvolvimento de novas tecnologias.
“Temos no Sindimiba um grupo de trabalho exclusivo sobre sustentabilidade, onde todas as associadas participam. É uma grande central de troca de ideias de boas práticas, discussões sobre o cenário atual e as perspectivas para o futuro. Todas as associadas desenvolvem e apoiam projetos de responsabilidade social e ambiental nas comunidades de seus entornos”, reforça Paulo Misk.
Diferencial competitivo
Hoje em dia é muito difícil que uma empresa consiga obter crédito e atrair investidores, principalmente no mercado internacional, se não tiver como comprovar seus indicadores em sustentabilidade. A opinião é da gerente de Meio Ambiente e Responsabilidade Social da Fieb, Arlinda Coelho. Segundo ela, as organizações que ainda deixam de perceber essa realidade precisam incorporar essas práticas.
“É um requisito mercadológico. Para você colocar qualquer produto seu de uma forma competitiva, seus indicadores nessa área precisam estar monitorados e rastreados. As empresas hoje em dia realizam a análise de viabilidade técnica e econômica de seus produtos ao lançá-los, e dentro dela consideram os aspectos ambientais e sociais que os envolvem, processos produtivos e as matérias-primas utilizadas”, observa Arlinda.
Agente indutora
A Fieb, que atua como agente indutora da sustentabilidade no setor industrial baiano, estimula o segmento no estado de diversas formas. Um exemplo é a realização do Prêmio Fieb de Desempenho Socioambiental da Indústria Baiana, que em novembro chegará a sua 12ª edição, cujo objetivo é reconhecer as melhores práticas das empresas desse setor no estado, em áreas como Tecnologias Limpas, Programas Socioambientais e Micro e Pequenas Empresas.
Além disso, a instituição, no caso das grandes companhias, acompanha as agendas executiva e legislativa com foco em sustentabilidade para o setor industrial e ajuda no monitoramento dos processos de renovação de licenciamento ambiental por meio do diálogo com os órgãos ambientais e o Ministério Público, quando necessário. Em relação às micro e pequenas empresas, a Fieb presta auxílio na articulação com organizações com Sebrae e Senai, além de
assessorar em questões de autorização e condicionantes ambientais.
“Sustentabilidade é, sem sobra de dúvida, uma vantagem competitiva que afeta diretamente a imagem, contribui para a obtenção de crédito, reduz perdas e aumenta a lucratividade”, defende Arlinda Coelho.
Quatro oportunidades fundamentais para a sustentabilidade das empresas:
- Projetar/Reprojetar os produtos com base na sustentabilidade: pensar nas matérias-primas utilizadas, adotar o ecodesign, otimizar funções e observar quais diferenciais podem ser agregados até chegar ao consumidor final;
- Repensar mercados: saber redirecionar o negócio a depender dos cenários. Exemplo: em vez de vender carros, oferecer serviços com carros (leasing, etc.);
- Valorização dos subprodutos: em vez de gerar resíduos, as empresas precisam se preocupar com os seus subprodutos, otimizando suas linhas de produção e definindo, previamente, a destinação que dará aos seus subprodutos: reutilização, reciclagem, etc;
- Reengenharia de processos: o modelo mental da indústria precisa considerar a escassez dos recursos naturais ao conceber os negócios, promovendo, quando necessário, a reengenharia de processos baseada nos processos da sustentabilidade.
(Com informações do Estúdio Correio)