Estima-se que o valor do risco financeiro da mudança climática possa chegar a US$ 43 trilhões até o final do século. Por isso, o tema assumiu o topo da agenda corporativa global. Para evitar este cenário, o World Economic Forum (WEF) contribuiu, juntamente a universidades, conselheiros de administração e institutos de governança e de conselheiros de administração ao redor do mundo, para a formação de uma rede de 20 capítulos nacionais de forma a promover a adoção dos Princípios de Governança Climática nas empresas.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) foi convidado pelo WEF para liderar estes esforços. Nesta segunda-feira, 22 de março, o instituto inaugura oficialmente sua atuação como Chapter Zero Brazil e lança a Iniciativa de Governança Climática (Climate Governance Initiative – CGI) no país.
O propósito do programa é empoderar os conselheiros atuantes nos conselhos de administração do país a se engajarem efetivamente em um debate estratégico sobre o desafio climático para seus negócios e como eles contribuirão para alcançar a meta global de redução de emissões a zero até 2050.
“Uma melhor compreensão sobre as mudanças climáticas e seus riscos sistêmicos está fazendo com que os líderes das empresas tomem atitudes visando encontrar oportunidades para a redução dos impactos das empresas ao meio ambiente e, consequentemente, à sociedade. É papel dos conselhos de administração incorporar uma estratégia de transição viável em seus modelos de negócios, incorporando métricas e formas de monitoramento relacionados a essa nova estratégia de carbono zero”, diz Pedro Melo, diretor geral do IBGC.
Transição acelerada
Segundo o WEF, o enfrentamento da emergência climática no mundo é urgente e exige a transição acelerada para um novo modelo de negócios. Neste contexto, os conselhos de administração podem garantir a gestão de longo prazo deste tema nas empresas. Para isso, precisam desenvolver conhecimento, habilidades e processos para inserir o combate à mudança climática no centro do planejamento estratégico das companhias.
“A mudança climática causa impactos físicos sem precedentes, como a elevação do nível do mar e o aumento da frequência de eventos climáticos extremos, que podem gerar não só danos catastróficos ao meio ambiente como disrupções nos negócios. Da mesma forma, novas políticas e tecnologias que buscam limitar e reduzir estes impactos físicos impõem desafios às empresas. Ter uma gestão de longo prazo para a mudança climática é uma estratégia de sobrevivência das companhias”, comenta Silvio Dulinsky, membro do comitê executivo e responsável pelas interlocuções do Fórum Econômico Mundial com o setor privado na América Latina.
Acordo de Paris
A partir do Acordo de Paris, surgiram novas legislações relacionadas ao clima, recomendações da Força-Tarefa do Conselho de Estabilidade Financeira sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD) e, mais recentemente, a maior consciência dos riscos ambientais, detalhados no Relatório Especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre o Aquecimento Global 1,5°C.
Dentro deste contexto, os Princípios de Governança Climática são projetados para aumentar o conhecimento dos conselheiros, incorporar o tema nas estruturas e nos processos do conselho e melhorar o entendimento dos riscos e das oportunidades que as mudanças climáticas representam para os negócios.
Nos próximos meses, o IBGC estruturará iniciativas educacionais para os conselhos de administração compostas por cursos, publicações e pesquisas sobre mudanças climáticas. Além disso, organizará eventos e encontros de conselheiros com o objetivo de discutir o tema em profundidade.
Global Summit
O lançamento do Chapter Zero no Brasil será realizado durante o painel “Mudanças Climáticas: o Papel dos Conselhos e o Futuro dos Negócios”, pré-evento do Global Summit 2021, organizado pelos Capítulos da Iniciativa de Governança Climática – Chapters of the Climate Governance Initiative – em colaboração com o World Economic Forum.
O painel abordará como os conselhos podem assumir a vanguarda da evolução das empresas, tendo em vista as mudanças nas expectativas de investidores e consumidores e a crescente pressão para a transição, por parte das empresas, para modelos de negócios de baixo carbono.
O debate contará com abertura de Leila Loria, do IBGC; participação de Tasso Azevedo, coordenador da MapBiomas & SEEG; Karina Litvack, conselheira e fundadora da Climate Governance Initiative; Carlos Takahashi, CEO no Brasil da BlackRock; Franklin Feder, conselheiro do Instituto Ethos; e Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos.
De 23 a 26 de março, o Global Summit contará com mais de 20 painéis sobre os riscos e oportunidades que a emergência climática traz para a resiliência de longo prazo e o sucesso comercial das empresas. Veja mais em https://climate-governance.