Refletir sobre o que motiva cada compra, sabendo distinguir entre as necessidades reais e as vontades de “compensar” um momento de baixa autoestima, de cansaço com o excesso de demandas da vida ou de frustração por não “se equiparar” a outras pessoas, é fundamental para quem deseja ter um comportamento de consumo mais consciente.
Ser protagonista da própria vida, em relação à forma de consumir, significa fazer escolhas de maneira consciente e alinhadas com suas próprias necessidades e aos seus próprios valores. Implica em não seguir as escolhas dos outros ou os critérios que os outros usam para escolher, refletindo e identificando as próprias e reais necessidades sem se deixar levar pela tentação de procurar compensar, com as compras, um momento de baixa autoestima, de vazio interior ou de frustração. Aliás, o consumo poderá até fazer, momentaneamente, esta compensação, mas certamente não vai curar os sentimentos ruins que geraram essa necessidade de compensação.
Quem nunca comprou um produto acreditando que seria feliz se o adquirisse? Ou uma peça de roupa ou um acessório porque “todo mundo tinha”? As propagandas e a pressão por reconhecimento social levam a colocar no gesto de consumo um papel que este ato não consegue ter. Em uma “sociedade do consumo”, o ato de consumir tem um valor em si e não em função do bem-estar gerado pelo produto na vida das pessoas.
Ninguém será diferente por muito tempo por usar e mostrar as coisas que compra. A expressão da identidade só vai durar se, de fato, existir no modo de ser, de pensar, de agir e de reagir da própria pessoa. O consumo não consegue compensar as deficiências que só o desenvolvimento pessoal pela educação e pela espiritualidade (que não se confunde com religião) consegue entregar. Só assim, sabendo quem se é, será possível adotar uma postura mais crítica no consumo ao invés de seguir os outros e as ondas da moda.
Neste 15 de outubro, Dia do Consumo Consciente, o Instituto Akatu faz um convite a todos para que reflitam sobre o seu papel como consumidor, iniciando ou aprofundando o percurso na direção de ser um verdadeiro protagonista em suas escolhas de consumo. É importante desenvolver gradualmente a consciência quanto aos mecanismos que nos fazem consumir, buscando diferenciar as necessidades reais do que é induzido ou artificial.
Diferenças entre os produtos
Também é importante registrar as diferenças entre produtos que, embora desempenhem as mesmas funções, são distintos na origem das matérias-primas, na forma de produção e nas atitudes das empresas que os produzem e comercializam, além de diferenças de durabilidade e de impactos quando descartados.
O protagonismo no consumo leva a considerar esses e outros fatores que diferenciam os produtos uns dos outros, e levam a uma escolha alinhada com os valores de cada consumidor.
Busca de alternativas
O consumidor consciente e protagonista considera os impactos positivos e negativos associados à produção, ao uso e ao descarte dos produtos, dando a eles a mesma importância que dá ao preço e à qualidade, e buscando, ao longo do tempo, alternativas para não só minimizar os impactos negativos como também para melhorar o impacto de seu consumo.
Tudo isso pode, inclusive, implicar em uma redução do consumo, em um controle dos desejos mais materialistas, e numa percepção de que a boa sensação de satisfação, que se segue ao momento da compra, pode não se manter no tempo, levando, então, a uma vontade de consumir diferente.
Naturalmente, tais mudanças são maturadas em tempos longos, à medida em que a percepção dos impactos se confronta com os valores mais profundos de cada consumidor. Não se trata de uma redução extrema no consumo, que nem mesmo é viável, mas significa avaliar cada decisão de compra, buscando optar pelos melhores impactos sobre o meio ambiente, sobre a vida das pessoas e, consequentemente, sobre nós mesmos.