SÃO PAULO (Reuters) – Quatro hidrelétricas instaladas no Rio Doce, em Minas Gerais, precisarão de aval da Agência Nacional de Águas (ANA) para voltar a operar, depois de terem a geração interrompida em novembro, na sequência do rompimento de uma barragem da mineradora Samarco em Minas Gerais.
A agência disse à Reuters que será cautelosa antes de autorizar a retomada, que até o momento só foi solicitada por uma usina da EDP Energias do Brasil, que diz estar apta a operar. As demais hidrelétricas na região ainda avaliam eventuais estragos em máquinas e nos reservatórios com a passagem de rejeitos de minério pelo rio.
“A análise deve ser cuidadosa, para que a retomada da operação não cause impactos negativos em uma bacia já bastante impactada”, disse a ANA, em nota.
Segundo a autarquia, estão sendo estudadas questões como o monitoramento que as usinas deverão fazer em relação à qualidade da água, bem como o impacto da retomada da geração de energia sobre os demais usos da água do rio.
A EDP Brasil afirmou que hidrelétrica Mascarenhas de Moraes, no Espírito Santo, a última no Rio Doce pela qual os rejeitos de mineração passaram antes de desaguar no mar, teve as máquinas desligadas “de forma preventiva” e “está apta a retomar as atividades”.
Segundo a ANA, o pedido da empresa está em análise, ainda sem data para uma resposta.
Muito menos lama do que o inicialmente estimado vazou da barragem com rejeitos de minério de ferro que se rompeu na cidade mineira de Mariana em novembro, quando 17 pessoas morreram, informou nesta sexta-feira a anglo-australiana BHP Billiton BHP.AX BLT.L, uma das proprietárias da Samarco junto com a Vale.
A Aliança Energia, parceria entre a elétrica Cemig e a mineradora Vale, responsável por duas das quatro usinas no rio, disse que ainda estuda as consequências do incidente sobre os equipamentos e reservatórios dos empreendimentos.
“Diversos estudos técnicos estão sendo realizados visando a avaliação das condições operacionais dos equipamentos e sistemas eletromecânicos fundamentais para a geração”, disse a Aliança à Reuters, em nota.
A companhia, que opera as hidrelétricas de Candonga, primeira a ser atingida pelos rejeitos da barragem, e Aimorés, disse que “está realizando estudos para quantificar” impactos financeiros na geração de energia e prejuízos às instalações e infraestrutura de suas usinas.
Já a hidrelétrica de Baguari, que pertence a Neoenergia, Cemig e Furnas, da Eletrobras, afirmou em nota que “algumas ações estão sendo tomadas para avaliação das condições do reservatório e qualidade da água para o retorno das máquinas”.
De acordo com as empresas, estão sendo realizados também estudos sobre a deposição dos sedimentos no reservatório da usina e uma apuração de possíveis danos.
As usinas paradas somam um total de cerca de 790 megawatts em potência instalada –cerca de 1 por cento da capacidade hidrelétrica do país, o que faz com que o incidente não chegue a ameaçar a segurança do suprimento.
Além dessas usinas maiores, uma pequena hidrelétrica do Grupo AVG, com 1,8 megawatt, foi totalmente destruída pela lama que tomou o Rio Doce logo no mesmo dia do estouro da barragem da Samarco.
Procurada, a Samarco não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.
Fonte: Reuters