O WWF-Brasil, por meio do Programa Água para Vida, trabalha desde 2012 na conservação de rios e nascentes de uma área conhecida como Cabeceiras do Pantanal. É onde nascem 30% das águas que alimentam a planície e a biodiversidade pantaneira e garantem o abastecimento de municípios onde vivem e trabalham pelo menos três milhões de pessoas.
Nesta semana, o premiado fotógrafo norte-americano Mustafah Abdulaziz está no Pantanal para retratar os prejuízos ambientais das Cabeceiras do Pantanal, como os pantaneiros enfrentam esses problemas e em que consiste o trabalho de conservação do WWF-Brasil na região – 25 municípios, mais de 700 quilômetros de rios e a recuperação de pelo menos 50 nascentes de uma área percorrida pelo rio Paraguai e afluentes como Sepotuba, Cabaçal e Jauru. O resultado do trabalho poderá ser visto entre março e maio de 2016 em Londres, durante a exposição fotográfica “Water Stories”, organizada pelo WWF do Reino Unido com o apoio da iniciativa HSBC pela Água.
Abdulaziz vive atualmente em Berlim, mas desde 2011 trabalha no projeto “Water”, percorrendo o planeta para retratar imagens relacionadas à conservação da água, sua importância para os seres humanos e situações de crise hídrica. Seu projeto recebe apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), WaterAid e VSCO (Empresa de tecnologia e filmes fotográficos). Em 2012 foi eleito como uma das melhores promessas da fotografia, pela revista Photo District News (PDN), e em 2015 foi o vencedor do prêmio Syngenta de melhor fotografia.
“Retratar o Brasil neste momento é muito importante porque temos de um lado São Paulo, que está enfrentando a pior crise de escassez de água de sua história e, por outro, um estado que tem água em abundância como o Mato Grosso, mas que se não começar a cuidar de seus rios e nascentes poderá sofrer crises hídricas no futuro próximo”, diz Abdulaziz. “Essa exposição fotográfica vai servir como alerta para que todos entendam a necessidade de cuidar das águas mesmo que aparentemente elas sejam fartas”, completa.
O Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal
A iniciativa foi idealizada pelo WWF-Brasil em 2012, quando um estudo – realizado em parceria com o HSBC, a The Nature Conservancy (TNC), o Centro de Pesquisas do Pantanal, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Carterpillar – mostrou que a área das Cabeceiras estava em alto risco ecológico.
O Pacto é uma aliança entre o setor público (por meio do governo federal, estadual, prefeituras e câmaras de vereadores), o setor privado (empresários, principalmente, representantes do agronegócio e do setor elétrico) e a sociedade civil organizada (organizações não governamentais, sindicatos e associações).
Ao aderir ao Pacto, cada instituição opta por implementar em seu município pelo menos três ações que preservem as nascentes e os rios, como, a recuperação de áreas degradadas, recuperação de nascentes, recuperação de matas ciliares, melhoria da qualidade da água dos rios, adequação ambiental de estradas rurais e estaduais, melhoria do saneamento básico ou até mesmo a troca de experiências de educação ambiental existentes na região
A região das Cabeceiras do Pantanal abrange 25 municípios do Mato Grosso, sendo eles: Alto Paraguai, Araputanga, Arenápolis, Barra do Bugres, Cáceres, Curvelândia, Denise, Diamantino, Figueirópolis D´Oeste, Glória D´Oeste, Indiavaí, Jauru, Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Nortelândia, Nova Marilândia, Nova Olímpia, Porto Esperidião, Porto Estrela, Reserva do Cabaçal, Rio Branco, Santo Afonso, São José dos Quatro Marcos, Salto do Céu e Tangará da Serra.
Além do próprio governo de Mato Grosso, os prefeitos de 20 municípios assinaram, no dia 8 de junho, a adesão ao Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal, e portanto, se comprometeram a trabalhar na recuperação dos recursos hídricos da região.
Resultados
Até o momento, a parceria entre as diversas entidades do Pacto possibilitou algumas conquistas, por exemplo a instalação de 40 biofossas na zona rural da área abrangida pelos 25 municípios, evitando que dejetos humanos cheguem aos rios e melhorando a qualidade de vida dos produtores que passam a ter saneamento básico e um biofertilizante para regar árvores frutíferas.
Outro resultado positivo é que os municípios de Tangará da Serra e Mirassol d’Oeste foram selecionados pela Agência Nacional de Águas (ANA) para receber recursos financeiros que serão destinados à implantação de projetos de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), por meio do Programa Produtor de Água. Assim, em breve, os produtores dos dois municípios serão remunerados financeiramente pela proteção das nascentes e dos recursos hídricos locais, pela conservação das matas ciliares e pela implementação de boas práticas agropecuárias e do manejo do uso do solo.
Fonte: WWF Brasil