Mobilidade é um dos grandes desafios das cidades em todas as partes do mundo. E no Brasil não é diferente. A opção pelo automóvel levou o trânsito a um estado de paralisia, gerando um absoluto desperdício de tempo das pessoas e de combustível, que, consequentemente, gera outros problemas ambientais, entre eles a poluição atmosférica.
Diante dos problemas de mobilidade, surge o conceito de mobilidade urbana sustentável como aquele que promove o planejamento integrado, considerando a interdependência dos transportes e inúmeros aspectos das políticas públicas, a segurança e o conforto de pedestres e ciclistas, moradia e geração de emprego.
Precisamos mudar substancialmente a nossa cultura, passando a privilegiar o transporte público de massa e o individual não poluente. Implantar sistemas integrados e de soluções diferenciadas, envolvendo transporte sobre trilhos, como metrôs, trens e bondes modernos, renovação da nossa frota de ônibus com veículos mais confortáveis e menos poluentes (“limpos”), com integração a ciclovias, aumento das ciclofaixas, esteiras rolantes etc. E soluções inovadoras, como os teleféricos de Medellin, ou sistemas de bicicletas públicas, implantado em várias cidades mundiais, Boston, Paris etc, e recentemente em Salvador.
Os transportes públicos só poderão ser melhorados quando tivermos demanda de uso e isso só vai ocorrer quando houver simultaneamente novos investimentos, para melhorar a quantidade e qualidade dos transportes, e retorno deste investimento com o aumento da demanda por meio da mudança de cultura das pessoas.
A mobilidade demanda também calçadas confortáveis, niveladas, sem buracos e obstáculos e acima de tudo segurança.
As pessoas precisam participar ativamente deste processo de mudança para incorporarem os novos conceitos.
Mobilidade sustentável não é uma palavra da moda: é uma necessidade.
*Erica Rusch é defensora da sustentabilidade, advogada, mestre em Direito Econômico com ênfase em Direito Ambiental pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), tendo desenvolvido pesquisa e trabalho sobre o tema Ação Civil Pública de Responsabilidade por Danos Ambientais; pós-graduada em Direito Ambiental pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); graduada em Direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professora da Pós-Graduação em Direito Ambiental da Fundação da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. Membro da Comissão de Meio Ambiente da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Bahia; palestrante em eventos sobre temas de Direito Ambiental e Sustentabilidade; autora de artigos, obras coletivas e trabalhos científicos apresentados e premiados em congressos e seminários; foi especialista visitante no curso de Direito Ambiental Comparado na Universidade do Texas (EUA).